A figura paterna no desenvolvimento emocional dos filhos

A relação do pai com os filhos transcende o suprimento das necessidades financeiras, e pode-se dizer que inicia-se desde a gestação materna. A partir disto, a figura paterna tem grande importância no desenvolvimento social, cultural, cognitivo e emocional, influenciando a capacidade de aprendizagem, assim como a própria integração da criança na sociedade. A formação de vínculo entre o pai e a criança ocorre de forma distinta do vínculo com a mãe, e depende exclusivamente da participação direta do pai na rotina do seu filho.

A referência paterna se constrói e se estabelece no decorrer do desenvolvimento infantil e, por isso, a presença do pai no cotidiano e na vida do filho é tão importante. A ausência paterna tem potencial para originar conflitos no desenvolvimento psicológico e, a partir disso, facilitar o desenvolvimento de distúrbios do comportamento.

Sem presença da figura paterna, seja completa, ou parcial, tem-se uma associação maior com desempenhos mais baixos em testes cognitivos em crianças. De certa forma, esse fator pode influenciar não só o desenvolvimento escolar da criança, mas das relações sociais e o do desenvolvimento psicoafetivo.

Além da ausência, há outros comportamentos que deveriam ser evitados. Pais agressivos, controladores e críticos em demasia podem causar efeitos devastadores no desenvolvimento psicológico e emocional de seus filhos. Seguindo este padrão, muitos pais tentam controlar os comportamentos dos filhos por meio de mecanismos de culpabilização. Nesses casos, se a criança não tem suporte emocional para compreender o seu papel diante de determinadas situações, pode internalizar esse processo de culpabilização e ter tendências de desenvolver pensamentos disfuncionais, que podem influenciar negativamente as suas emoções e, por consequência, desenvolver comportamentos disfuncionais.

Os pais devem estar atentos as necessidades emocionais e psicológicas dos seus filhos, estabelecendo um vínculo afetivo no qual a criança se sinta acolhida e amada. Além disso, os pais devem participar ativamente dos processos de aprendizagem, não negligenciando qualquer auxílio que seja necessário para o desenvolvimento dos processos emocionais e cognitivos da criança. Jamais culpabilizar a criança por suas falhas, mas conscientiza-la dos erros e orienta-la ao aprendizado. Culpabilização e responsabilização são conceitos diferentes, mas confundidos.
Os pais devem evitar comportamentos controladores ou envolver os filhos em discussões ou/e problemas pessoais ou do casal, pois isso pode fazer com que a criança confunda o seu papel nessa situação, possibilitando sofrimento psicológico, conflitos emocionais e desajustes comportamentais.

Os pais não devem privar a criança das vivências inerentes à infância, acompanhando sempre o desenvolvimento emocional e cognitivo, mas deixando a criança fazer as suas escolhas e aprender com elas.

Como os pais podem se preparar emocionalmente para a criação dos filhos?

Uma ferramenta muito importante é a própria psicoterapia. Muitas vezes as pessoas tendem a repetir os padrões e valores que foram vivenciados durante a infância, e por isso a referência paterna é muito importante. Uma pessoa que cresceu com o seu pai lhe cobrando e culpabilizando o tempo todo, pode sem perceber, repetir esse padrão com os seus filhos. Portanto, a terapia pode ser benéfica ao ajudar esse pai a identificar esses padrões, e a partir disso trazer novas perspectivas mais funcionais e saudáveis para o exercício da sua paternidade.

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